

Entro em Benfica no comboio e 2 passageiros com ar de quem ainda vem da noite olham para mim como quem olha para um extraterrestre. Ouço qualquer coisa como “estes gajos das bicicletas” e mais algumas coisa de difícil compreensão. Sento-me no meu lugar e a conversa muda de assunto. Continuam a estudar-me e pouco depois a conversa volta ás bicicletas,. Falam de coisas passadas, diz um que um amigo de vez em quando lhe emprestava uma bicicleta e é fácil ver pela expressão que ele adorava andar nela. Durante muito tempo conversam sobre o assunto e depois a conversa volta a mudar. Chegados a Sintra , na zona da porta ficam a olhar directamente para mim e para a minha companheira. “ Não leve a mal, diz um dos rapazes , estamos a admirar a sua bicicleta, é mesmo bonita, é já antiga não é? É, mais ou menos,respondo eu, e a conversa continua enquanto caminhamos , uma conversa sobre bicicletas que acho nem eu nem eles alguma vez pensamos em ter uns com os outros quando cuzamos olhar em Benfica. No final e já à saída do cais desejam-me um bom passeio e vão à sua vida, espero que a conversa sobre bicicletas lhes tenha de algum modo relembrado momentos felizes. Talvez um dia os volte a encontrar, quem sabe em cima de uma bicicleta.



Chegado a Sintra encontro a Marie, o Pedro e o Hugo que não conhecia. A primeira paragem é nas loja de Queijadas, não se pode ir a Sintra sem se levar para o piquenique pelo menos uma dúzia. O Hugo diz que não come, alguém teve de comer as dele.





Começamos s subir a serra a bom ritmo, na nossa frente segue uma corrida pedestre. Aos poucos começamos a apanhar os participantes e o seu lixo, garrafas de plástico por todo lado. Um cidadão desportista e preocupado com a saúde não é necessariamente um bom cidadão.
Primeira paragem para recuperar as forças, comer qualquer coisa e fazer o tradicional xixi. Uma segunda mais à frente para reabastecer de água numa fonte.
Os corredores continuam a passar por nós. E nós muito confortáveis a sugar o sol da manhã e a maravilha de apenas estarmos ali, vivos. O Pedro e a Marie são dos casais mais fotogénicos que conheço (os amigos vão gozar com ele por causa desta afirmação, acho eu) e eu mesmo sem levar máquina para não chatear ninguém não resisto a tirar fotos com o telemóvel. Maldito telemóvel que não nos deixas em paz.

Este passeio está a ser uma oportunidade para testar os recentes melhoramentos que o Pedro fez á minha Ralheigh. Estou muito contente com o resultado final e sobretudo com o meu novo saco feito pela Marie. Para além de ser extremamente bonito é igualmente eficiente. A mudança que também a Marie operou na minha modesta bicicleta é incrível. Muito obrigado aos dois.
Vários kms depois chegamos aquele que é sempre um dos momentos mais ansiados dos passeios Velocorvo, pelo menos para mim é, o momento verdadeiramente memorável que é momento do pic-nic . Saem as iguarias dos sacos, repastamos em abundancia e começamos a sentir o cansaço, aquele cansaço bom da subida, a transformar-se numa sensação de sono. O calor do maravilhoso dia aconchega-nos e o ruído do vento nas Árvores embala-nos. E é aqui que agradecemos à natureza por nos ter dado este recanto tão bonito e nos proporcionar tanta paz. Á natureza e ao Pedro que nos desafia para estes empreendimentos. O telemovel continua como que a fazer fotos sozinho quase sem a Marie e o Pedro darem por isso. O Pedro esse prefere o analógico e tira fotografias com a sua maravilhosa e estimada "Leica". Luxos!!

Não nos apetece mas temos de partir, a descida é grande até ás areias mornas do Guincho. Descemos a bom descer sentido a velocidade nas rodas finas e o vento nos nossos sorrisos de felicidade.
E eis que chegamos a Cascais, ultima etapa antes de apanhar-mos o comboio de regresso a Lisboa. Uma “Boulangerie“ Francesa intromete-se no caminho e o Pedro não resiste em despertar os instintos Franceses da Marie desafiando-a para um “Pain au Chocolat” que os acompanha nos respectivos estomagos no caminho para Lisboa. O Comboio acolhe 4 ciclistas cansados mas felizes e transporta-os ao seu destino. O Hugo ainda queria fazer o regresso pela Marginal, mas os outros mandriões companheiros de viagem preferiram o sossego da carruagem Não fosse o diabo tece-las e estragar um dia perfeito.